quarta-feira, 23 de abril de 2014
GIL VICENTE
Dramaturgo português 1465-1537. É a maior figura da literatura renascentista portuguesa antes de Camões. Em 1502 entrou para o serviço de D. Leonor, viúva do rei D. João II. Desde de então até 1536, escreveu numerosas peças para as festas reais. Em 1536, o dramaturgo cessou de escrever; de um documento de 1540 consta que nesse ano ele já estava morto. A obra teatral de Gil Vicente faz parte da primitiva dramaturgia peninsular, ao lado dos espanhóis Em cina, Torres, Navarro, etc. Parte considerável de sua obra está escrita em língua castelhana, a começar por sua primeira obra, o monologo do vaqueiro 1502. A rica produção seguinte pode ser dividida em três grupos: os autos, de enredo religioso; as tragicomédias, de enredo patriótico ou mitológico ou de cavalaria; e as comedias e farsas, de assunto popular. O verdadeiro começo da dramaturgia vicentina é o auto pastoril castelhano 1502, em espanhol, escrito para a festa de natal; o auto dos reis magos 1503 e o auto da sibila Cassandra, em que o aparecimento de deuses antigos anuncia o advento da renascença em Portugal. Mas o espirito medieval ainda informa o auto de são Martinho 1504 e o auto dos quatro tempos 1508 ( em castelhano ). É totalmente medieval a versão da história da paixão, no auto da alma 1508, assim como a história bíblica no auto da fé 1510. Os autos escritos em anos posteriores são muito diferentes: o auto da história de Deus 1528 e o auto da feira 1528 são meio satíricos; servem á polêmica erasmiana contra os abusos do catolicismo romano. O auto de mofina mendes 1534 começa com a parodia de um sermão de frade. A primeira peça patriótica é a exortação da guerra 1513; segue-se o auto da fama 1515. A primeira tragicomédia festiva é cortes de Júpiter 1527, introduzindo uma mitologia de opereta. A tragicomédia de D. Duardo, peça de cavalaria, em castelhano, é introduzida por uma carta-prologo, importante documento das opiniões pessoais do poeta. Seguem-se a tragicomédia templo de apolo 1526; o triunfo do inverno 1529 ( para o nascimento da infanta D. Isabel ); o auto da lusitânia 1531, de severa critica moral, mas com elementos de farsa. Enfim, o amadis de gaula 1533 é uma peça de cavalaria. As peças populares, série iniciada com o monologo do vaqueiro e a farsa do escudeiro, constituem á parte mais importante da obra Gil Vicente. Tipos do povo também aparecem no auto da índia 1509 e na farsa do rico velho da horta 1512; na farsa dos físicos 1516 aparecem superstições populares. Talvez a obra prima de Gil Vicente seja a trilogia satírica barca do inferno 1516, barca do purgatório 1518 e barca da glória 1519, desfile de todas as classes da sociedade portuguesa. Pitorescos e bucólicos são a farsa dos ciganos 1521 e o auto pastoril português 1523; satíricos são o juiz da beira 1525, a farsa do clérigo da beira 1526 e os almocreves 1527. A tragicomédia pastoril da serra da estrela 1527 apresenta, com muito lirismo, os costumes dos moçárabes. Tipos populares animam a romagem dos agravados 1533 e a farsa de Inês Pereira.
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